Comum

Ela controlava a porra do universo e
quando falava, as palavras iam pelo mundo
fazendo o que ela queria.

Pude vê-la, quatro, cinco anos,
rodeada de coleguinhas brincando de pique-esconde
embora todos quisessem pique-tá.

Era comum, rosto comum, corpo comum,
mas falava e a porra do universo obedecia
e trazia nos olhos a certeza de saber disso.

E perguntava coisas da minha vida
que eu não digo pra ninguém, e eu contava
tudo, sem pudor, e não era uma escolha.

E quando virava as costas e me ignorava,
era como se o universo inteiro mudasse de lugar
me deixando num canto onde não se existe.

3 comentários:

Anônimo disse...

Conheci alguém assim. Mas ainda me pergunto se conheci ou inventei. Tenho dúvidas sobre todo esse "poder".

garotinha disse...

Me fez lembrar um "livrinho" com uns continhos dum tal de Kafka, qto menor, melhor...

fjunior disse...

E, lógico, ficou muito bom.